Estou sozinha agora porque o tempo que estava por aqui, marcando de cima cada passo, parece ter se esvaído de si mesmo e ficado em seu lugar um saco vazio de propósitos parecendo aguardar que alguém tivesse a consideração mínima de vir preenchê-lo e já se sabe que na pressa indômita da vida ali irão se amontoar a traquitana da rotina que tem por meta entupir o ralo do período e, assim está criado o caos invisível do querer fazer. Talvez um ensaio deliberado para poder descartar um a um com uma pertinácia insolente.
Espio para todos os lados e não vejo nenhuma menção de preencher a sacola esquecida do período que murcha de propósito, olha para todos os lados em busca da tarefa relevante sem, no entanto, encontrar algo admirável que mereça ocupar o lugar deste espaço jogado sem destino.
Talvez as coisas não estejam conseguindo aportar em nenhum rumo por carecerem de justificativa que dê vida a elas, que as empurre para frente, que faça sentido em si mesma, que diga a que veio e se sustente como alternativa à outra, dando uma pinta de existir ali um reles ensaio de intenção sem, no entanto, se formar completamente.
Assim vai se apresentando o
rol de coisas e loisas que pretende encher o saco vazio impaciente que o tal do
momento deliberou deixar à disposição sem se importar com o que ou com quem vai
preencher seu conteúdo, afinal, no dia a dia da contação de minutos quem vem
sempre à frente é o “não tenho tempo”, um mantra conjugado em todas as bocas do
mundo.
Um comentário:
Abraço, Vera. Bonito texto.
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