Fiquei parada ali sem saber direito como fui empacar neste entreposto da natureza, da vida ou o que mais imaginar que seja curiosa para saber por que raios me bandeei para um lugar tão distante do chão. Acomodei-me nas almofadas invisíveis do tempo fechado e me deixei levar pela mão para o que se apresentava a mim com tanta veemência me custando um dobrado para entender o que isto poderia significar. Demorou um tempinho, mas encontrei uma saída nobre para esta arapuca que o tempo resolveu me aplicar. Sempre ele a me perseguir e me desafiar.
De cara, baixei a guarda e encarei o desafio como se fosse uma aventura do dia, um salto em obstáculos, uma investigação minuciosa do agora e uma parada estratégica para estancar o daqui para frente. Gostei da premissa e comecei a separar o que me vinha à mente neste descanso que me foi ofertado com tanta graça neste dia gelado, ventoso, e com mar do avesso. Pelo jeito a ode não deverá se dirigir ao tempo, nem ao mar, nem ao vento e muito menos a chuva escassa.
Este momento único me parece lançado no espaço justamente para que possa ter em perspectiva uma determinada revisão do que anda variando quando se anda com os pés no chão e que muitas vezes com asas nos calcanhares se envergam sem destino na temporada que - dizem alguns - é mais preciosa frente à vida.
Livrei-me das asas há um bom
tempinho e agora ando por ai com muita calma buscando captar o que sempre
passou despercebido uma vez que a celeridade de tudo exigia ser exímio em salto
em vara e maratona de todo o calibre e deste jeito carinhoso que apareceu do
nada aproveitei para me dedicar ao descanso da alma neste colchão de nuvens que
além de me acolherem, me aquentaram, silenciaram os rumores entre si, e,
importante, não me perguntaram nada e foi assim - bem quietinha - que ouvi
todas as respostas.
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