Os olhos vão longe, mirando a praia sempre
sublime, com uma faixa de areia que possui chamariz para se deitar ao sol,
tomar um mate, inventar historias bobas, falar de nada e de tudo sendo sempre
mais interessante calar-se frente à majestade do oceano que se interna na nossa
vida sem aviso nenhum. Chega e pronto. A vista se estende de lado a lado sem
ressalvas engolindo tudo o que se passa pela frente tendo o cuidado de tudo
absorver e não foi diferente o encontro visual com aquela passarela.
Ela se atravessava na paisagem dando a
impressão de ser um convite, uma deferência para que alguns pudessem ter acesso
ao mar com facilidade e assim foi feito. Por ali se iniciou o desfile de
beldades que recorrem ao sol para ter a pele bronzeada e sedutora, outros para
absorver o que o Rei Sol pode proporcionar sem danos, outros ainda bengalando
com certa dificuldade se vão areia afora para um banho de mar, para delicia de
ter seus pés na areia morna sem grandes riscos, nestes dias amanhecidos
prematuramente. Nem sempre a natureza é pródiga em seus passadiços.
A passagem veio dar uma chance ao trânsito
maroto de toda a traquitana praieira sem grandes problemas, facilitando o andar
mais lento, apoiando quem nem sapatos querem usar nesta temporada e protegendo
da quentura senegalesa do chão. A estrutura se posiciona estrategicamente como
uma concessão da beira de praia a quem vem usufruir da sua companhia. É por
pouco tempo, então melhor que a maré não interfira que lhe deixe pousada por
mais um instantinho, afinal, o melhor do veraneio – para os praieiros - é
quando acaba. Porem, nem todos os olhos enxergam o óbvio e com uma névoa que
empana o acerto e um longo suspiro de tristeza brotando do peito, vê-se a
travessia ser abduzida do bem coletivo.
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