Ando assim, em branco, e ao meu redor as
histórias vão se acumulando com inicio, meio e término e acabam tão sem sentido
que são descartadas porque ao fim e ao cabo não me parecem verossímeis. Dá uma
pinta de que me acomodei nas nuvens e delas não quero me apartar de jeito
nenhum.
São tempos calmos na orla marítima onde
flocos brancos vagueiam pelo céu azul com uma independência de dar inveja. Vai
ver que o branco que ora impera na minha alma tem a ver com o clima e com o
alvor dos dias protagonizado pelo Rei Sol em esferas onde gosto de meter o
bedelho. Vago por entre tudo o que me
vem à cabeça e assim como vem se vão, com tal sorte de destino que tudo flui
como a brisa.
Meu olhar não se atém às cores precisamente e
sim ao pulverizado esmaecer da natureza que parece descansar neste tempo
varrido de atuação e que vai assim prenunciando que a alva espuma que avança na
meia praia vem com ar zombeteiro se achegar junto às conchas – todas pálidas –
para uma brincadeira nas areias vazias. Junto a elas se acumulam todos os
outros seres que se agregam na comemoração do frio.
Com estas vagas arremessadas e sem dono andam
as sombras tal qual fantasma que arremete por entre o arvoredo que murmura
sonatas se harmonizando com o trinar dos pássaros que por sua vez mais quietos
estão parecendo enregelar-se em suas gargantas.
Em uma contrapartida uníssona deito minhas
ideias quaradas imaginando que um dia irão se revoltar na pasmaceira e
conquistar a vida própria de quem tanto dependo. Por ora, assim me encontro:
aquartelada nas nuvens.
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