domingo, 10 de junho de 2018

O branco do inverno



Ando assim, em branco, e ao meu redor as histórias vão se acumulando com inicio, meio e término e acabam tão sem sentido que são descartadas porque ao fim e ao cabo não me parecem verossímeis. Dá uma pinta de que me acomodei nas nuvens e delas não quero me apartar de jeito nenhum.

São tempos calmos na orla marítima onde flocos brancos vagueiam pelo céu azul com uma independência de dar inveja. Vai ver que o branco que ora impera na minha alma tem a ver com o clima e com o alvor dos dias protagonizado pelo Rei Sol em esferas onde gosto de meter o bedelho.  Vago por entre tudo o que me vem à cabeça e assim como vem se vão, com tal sorte de destino que tudo flui como a brisa.

Meu olhar não se atém às cores precisamente e sim ao pulverizado esmaecer da natureza que parece descansar neste tempo varrido de atuação e que vai assim prenunciando que a alva espuma que avança na meia praia vem com ar zombeteiro se achegar junto às conchas – todas pálidas – para uma brincadeira nas areias vazias. Junto a elas se acumulam todos os outros seres que se agregam na comemoração do frio.

Com estas vagas arremessadas e sem dono andam as sombras tal qual fantasma que arremete por entre o arvoredo que murmura sonatas se harmonizando com o trinar dos pássaros que por sua vez mais quietos estão parecendo enregelar-se em suas gargantas.

Em uma contrapartida uníssona deito minhas ideias quaradas imaginando que um dia irão se revoltar na pasmaceira e conquistar a vida própria de quem tanto dependo. Por ora, assim me encontro: aquartelada nas nuvens.

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