Da minha janela vejo o mundo, não o mundo
todo, mas grande parte dele, talvez o meu super exclusivo porque tenho bons
olhos para enxergar longe, filtrar o que me instiga e desprezo, trazer para bem
perto, com lupa, a natureza, porque ao fim e ao cabo é ela quem nos sustenta,
queiramos acreditar ou não.
Nossos olhos vão se estendendo a cada dia
mais porque a promessa é de sol forte, ventos menos violentos e chuvas raras.
Esta mescla prenuncia certa agitação que faz com que nossas ruas e calçadas um
pouco invadidas pelas urtigas se livrem das mesmas e deixem passar toda a sorte
de terráqueos, pendurados em suas traquitanas, sem critério se o possante é
novo ou velho, se range seus parafusos estalando de novos ou se crepitam porque
estão com toda a sua garantia vencida.
Minha abertura é sempre solidária comigo
porque parece que somos uma em duas, pois é sempre ela que me dá a luz do dia,
que me proporciona o primeiro sorriso e também o último suspiro antes da noite
dar as caras, antes de cobrir com seu manto negro todas as atividades, antes de
chegar causando com o silêncio que é de praxe e de se deitar despudorada com o
mar no horizonte.
Somos assim, eu e ela, apenas um recorte do
mundo que permite a expansão do olhar para qualquer lado, visando a mudança
sutil que sempre está celebrando alguma coisa mais escondida, mais sagaz, não
se mostrando inteira, mas com toda a intenção de provocar. Nosso dia a dia
explora outras dimensões com o intuito de esclarecer o que esta por trás de nós
mesmas.
Começamos então uma conversa necessária para
entender o passa passa de agora onde tantas fantasias desfilam aos nossos
olhos. A paisagem, em seu recorte diário recebe coadjuvantes, dando à rua uma
vida efêmera, fornecendo assim todo o tipo de confabulação, situando um estado
provisório onde as conversas giram em torno do absurdo. No ar, sons estranhos
vão se confundindo com a personalidade do caminho que acolhe mesmo assim o
distúrbio, talvez, apenas, para se divertir e proporcionar para si e para mim
elementos para configurar novos retratos da vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário