segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Retratos da vida diária


Da minha janela vejo o mundo, não o mundo todo, mas grande parte dele, talvez o meu super exclusivo porque tenho bons olhos para enxergar longe, filtrar o que me instiga e desprezo, trazer para bem perto, com lupa, a natureza, porque ao fim e ao cabo é ela quem nos sustenta, queiramos acreditar ou não.

Nossos olhos vão se estendendo a cada dia mais porque a promessa é de sol forte, ventos menos violentos e chuvas raras. Esta mescla prenuncia certa agitação que faz com que nossas ruas e calçadas um pouco invadidas pelas urtigas se livrem das mesmas e deixem passar toda a sorte de terráqueos, pendurados em suas traquitanas, sem critério se o possante é novo ou velho, se range seus parafusos estalando de novos ou se crepitam porque estão com toda a sua garantia vencida.

Minha abertura é sempre solidária comigo porque parece que somos uma em duas, pois é sempre ela que me dá a luz do dia, que me proporciona o primeiro sorriso e também o último suspiro antes da noite dar as caras, antes de cobrir com seu manto negro todas as atividades, antes de chegar causando com o silêncio que é de praxe e de se deitar despudorada com o mar no horizonte.

Somos assim, eu e ela, apenas um recorte do mundo que permite a expansão do olhar para qualquer lado, visando a mudança sutil que sempre está celebrando alguma coisa mais escondida, mais sagaz, não se mostrando inteira, mas com toda a intenção de provocar. Nosso dia a dia explora outras dimensões com o intuito de esclarecer o que esta por trás de nós mesmas.

Começamos então uma conversa necessária para entender o passa passa de agora onde tantas fantasias desfilam aos nossos olhos. A paisagem, em seu recorte diário recebe coadjuvantes, dando à rua uma vida efêmera, fornecendo assim todo o tipo de confabulação, situando um estado provisório onde as conversas giram em torno do absurdo. No ar, sons estranhos vão se confundindo com a personalidade do caminho que acolhe mesmo assim o distúrbio, talvez, apenas, para se divertir e proporcionar para si e para mim elementos para configurar novos retratos da vida.

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