sexta-feira, 3 de março de 2017

Março


O céu se avermelhou de tal maneira que pensei que iria pegar fogo tal a sua fúria, e, deste colorido intenso o sol surge parecendo que também iria transformar em chamas seu entorno. No lado oposto, um auspicioso arco-íris marcava os céus com sua palheta de cores, mostrando de certa maneira, que o dia que nasceu hoje, não é igual ao dos últimos tempos.

Não precisei sequer pensar duas vezes para ter conhecimento rápido do que este dia significava, porque por mim ele era esperado com nervosismo, parecendo que o período da reunião de demais nunca fosse acabar. Agradeci a luz do dia que veio com todos os seus milagres reverenciar um período em que a rotina toma à frente e assim baixam-se as cabeças que se comprometem em fazer da vida aqui uma alternativa que não confunde alegria e folga com desordem.

As mãos, mais relaxadas, terão tempo e calma para retomar suas ferramentas de trabalho que vai variando entre uma enxada, uma vassoura, um teclado, uma pá, um telefone, um microfone, um carro, um caminhão, uma bancada.. Junto a esta retomada dá-se início aquelas conversas bobas sussurradas, que vão oxigenando os dias e que de tão suaves não atrapalham de modo algum o silêncio da natureza, que ora se impõe.

As ruas recebem a circulação das vans colegiais, os carros que todos os dias, no mesmo horário, se deslocam para o trabalho e da mesma maneira e mesmo timing, retomam a tarefa. Dá para perceber quando alguém está mais atrasado, ou imaginar que adoeceu porque não passou naquela esquina. Com a mesma intenção o mar baixou muito de nível e suas ondas estão tão pequenas que beijam a praia com languidez. O horário comercial volta a civilidade para que as famílias possam ter um interregno mostrando que existem lugares simples que consideram o tempo precioso demais e assim o reverenciam dando-lhe espaço de honra nas ocupações mais comuns.  Uma população que hiberna no acalorado clima que atrai os humores sem regras da massa. 

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