Não foi de repente não, a alternativa apenas
se apresentou com toda a modéstia, assim como quem não quer nada, se entremeou
junto aos planos do dia a dia querendo parecer oculta, querendo não ser
ninguém, desejando a incógnita e na realidade se configurando como um susto
para disfarçar.
Como o amontoado era grande, urgia achar o
lugar que de tanto imaginado sumia no desejo inconteste de mudar a vida. Perdia-se
por entre as ruas, não se reconhecia nos soberbos arranjos habitacionais e se
desarranjava ao ter de escolher. Tantos lugares e uma só preferência, essa era
a sina do vivente. Então, ele começou com considerações iniciais que sentiu
serem relevantes e foi assim perpassando pelas opções que fossem de seu inteiro
agrado.
O fator número um era o mar. Ah, o mar.
Aquela imensidão inóspita a mercê de sua vista durante todo o ano com rumores
das ondas em altos e baixos era uma atração que não poderia faltar. Mas, pensou
no vento, na maresia, nas vidraças remelentas na maior parte do ano. Imaginou
sua geladeira se esvaindo em ferrugem, e junto com ela todos os seus utensílios
virando pó de ferro. Não se importou ao lembrar-se disso, apenas pensou na
reverência, na possibilidade ampliada de ver destruídos seus pertences por um manancial
desta envergadura.
Não havia alternativa e era este oceano com
sua grandiosidade que lhe chamava a atenção, e se esforçava para trazê-lo junto
a si compartilhando todos os seus momentos. Aliás, temporadas peculiares que se
alternavam com veemência em todas as estações do ano. Porém, não era só isso
que importava. A si lhe cabia buscar o restante, que não se referisse apenas ao
mar que ali estava com sua formação original e que de certa forma não
necessitava de sua avaliação a bem da verdade.
Foi adiante no bater do coração das ruas,
encontrando as sugestões atrativas querendo lhe convencer que este era o melhor
lugar para assentar sua ossada ainda jovem. Fosse qual fosse se empilhada, se
firmada no chão, a opção era a sua serventia. Escolheu uma casa pequena que lhe
parecia suficiente para acalentar todos os seus sonhos, avizinhar-se com a
areia, o nordestão, as pampinhas, a eterna formação da natureza que lhe
surpreendia todo dia com novos desenhos nas areias da praia e também nas águas
ora cristalinas, ora ferrugem. Não se esquecendo do vento levando tudo pela
frente, para os lados e pelo meio. O rei sol propiciando para que tudo neste
lugar praiano escolhido a dedo vicejasse, se tornasse vivo, mutante.
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