segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Impermanência


Era para ser antes e não depois, era para vir na frente e não atrás, era para servir de apoio e não de algoz, era para melhorar a vida, não piorar, era para acrescentar e não diminuir era para qualquer coisa, mas não para o que veio. E assim se faz a preparação para receber o dia a dia.

Amanhece sendo um dia lindo, porém as botas de chuva estão na soleira da porta, porque assim se anunciou de véspera e deste jeito o clima é mais um a trair sua fala e então se desfaz uma arrumação e o que era uma certeza vira uma dúvida que se aniquila com a própria realidade.

E com o jeito que as coisas estão nada para por aí, o mar que foi dormir quase vazio de tão liquido amanhece tão alto que se suas ondas estivessem próximas lamberiam seus pés com certa audácia, os andadores de ondas se assustariam, os peixes ficariam desacorçoados de tanto movimento em águas e as areias mudariam de lugar corridas pelo vento que anteriormente havia se colocado como ausente.

O sol se pôs prometendo mundos e fundos para o dia seguinte aos praianos de sempre e aos de vez em quando, e é com essa sina que se acorda bem cedo e vai ver o tempo prometido e que não foi entregue. Grossas nuvens pairam por sobre todas as cabeças e deste jeito dá para ver com certeza que o Deus Clima acordou de maus humores e voltou atrás no prometido. Vai ver que os ciclones e seus amigos se reuniram no extremo sul e resolveram ver desfeitas as expectativas simplórias dos moradores da costa que nem bem abriram os olhos e lá estão fresteando a natureza, mãe de todas as suas horas.

Talvez os nossos olhos que ao se mostrarem ávidos por mais paz se veem em conluio com nossa mente que ao entardecer suspira por ventos mais fracos, chuvas que apenas borrifem as gramas, que o céu não arrombe nossos ouvidos já um tanto moucos e que nosso sorriso de toda manhã bordeje nossos lábios sempre. São apenas desejos que a impermanência de tudo contesta vez ou outra.

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