domingo, 19 de junho de 2016

Marco zero


Era sabido que de alguma forma poderia ir e ficar, para sempre, afinal, o lugar escolhido nem era longe. Mas foi necessário mergulhar em entranhas estranhas, e, por um bom período não sair dali. Submergir e emergir com tanta facilidade dá-se a conta de parecer não ter feito outra coisa na vida, e sempre aparecia um novamente.

Foram tantas as feridas, que ficou difícil saber por onde começar a costura. Se em algumas delas colocasse algo bem ardido talvez cicatrizasse para sempre e não se teria mais acesso àquela informação, podendo sucumbir para sempre uma inspiração, uma necessidade, uma tristeza súbita, luzes, um crepúsculo ou um raiar do dia glorioso e cálido. 

O íntimo com tantos veios em aberto é solidário e garante o conteúdo como se fosse um cofre imenso de onde se pode retirar, a qualquer momento, uma cura, uma gargalhada, um motivo.

Por outro lado, o enjoo flutuante, seguia um ritmo cadenciado em ondas suaves, acompanhando de certa forma o refletir irrelevante e, ao mesmo tempo, empurrando para conclusões já cristalizadas no ar, como se fosse mágica feita para não sumirem. O ar rarefeito dava o ritmo, ambientando as decisões.


O entorno se modifica como se fosse uma mente indômita que não se cansa de querer ser outra, ou, simplesmente poder ser diferente do que é. A névoa do pensamento insistente sublevado a outros tantos, não foi empecilho para enxergar clareza ali adiante. Um emaranhado de propósitos e de soluções. Tantos remédios para uma doença só. 

Nenhum comentário:

Papelaria em dois tempos

  Não sei quem me encontrou primeiro, se aquela papelaria antiga ou eu, que ando gastando a sola do sapato atrás de quinquilharias que lembr...