domingo, 21 de dezembro de 2014

Folgada


Não percebi que a pergunta poderia ter uma investigação torpe, muito não a minha cara, porém muito sim a cara do perguntador. Que raio de análise me propuseram a fazer ao pedir para relatar se eu tinha como modo de vida ou sobrevivência esta palavra.

Apenas uma palavra com tantos aspectos e nuances e tenho uma vaga lembrança que me veio à mente, imediatamente, o tempo. Quero folga para ter tempo. Um tantinho para nada fazer, outro naco para fazer tudo e não sobrar nada para depois, sabedoria para fazer passar o dito sem que se perceba, inteligência para fazê-lo parar quando é preciso. É necessário ser íntima das horas para estar afiada e com presença de espírito para responder o que é merecido, apesar de quem não merece uma resposta dessas é quem pergunta.

Fui caminhando com muito cuidado pela minha mente, identificando às vezes o quanto ainda faltava para ter uma clareza de como se vive em folga sem que isso pareça preguiça, sem que remeta ao ócio do mal e sem que eu possa responder àquela pergunta da malvadeza com a resposta esperada.

Ruminei ardidamente o tema, visitei meus dias, minhas horas, meus minutos e segundos e não entendi aonde esta desocupação poderia estar, uma vez que ela me parecia sempre enredada. Havia na minha linha do tempo um enlace de assuntos, tarefas, companhias, humores, descasos e uma variedade absurda de incoerências. Todos engalfinhados uns aos outros com o objetivo proposto de que eu os fizesse se deslindar. Caminhavam lado a lado muito mais que amistosos, o riso e o choro, a destemperança, a piada, o sim e o não, o ridículo e o ponderado, o amigo e o inimigo.

No rumo em busca de respostas vasculhei o passado, mas retornei ligeiro quando ele me disse que estava perdido, que dali não tinha como se ativar nada e que apenas a experiência tinha valor, portanto, para meu dilema de rebate, ele não era válido. Voltei então à palavra arremessada com tanto mau gosto e nonsense, e dei uma olhada no futuro que me disse não estar disponível, obviamente.

Cheguei à conclusão que não havia espaço nenhum para revidar e neste exato momento o tempo desocupado passou voando por mim, sorriu e levou para longe a palavra que o indiscreto queria ouvir.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sinta-se desobrigada a responder para determinadas "pessoinhas" !!!!!

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