Me vi frente a frente a um
monte de gente engatilhada e assisti todo tipo de conversa, das corriqueiras à
salvação da humanidade e mais um pouco, do país. Topo tipo me aparecia, uns
mais magros e velhos, outros jovens outros ali talvez um tanto ressacados e
outros literalmente com os bofes de fora. No punhado, alguns bêbados, eu acho.
Gente feia e gente bonita apesar de que,
para mim, não existe gente feia porque haverá sempre de ter alguém que lhe
considere uma boa presença.
Continuei na observação dos
diálogos e dos rostos. Alguns enfadados demonstravam com veemência seu
sofrimento talvez por estar ali, talvez pensando que poderia ter mais, ou
ainda, com vontade de voltar correndo porque tudo lhe doía na verdade. Viver
dói.
Não me escapou a falta de
educação e o acinte de alguns afoitos no pedido, tratando o próximo com
arrogância. Parece mentira que nesta situação, em que todos estão em suspense,
haja quem perturbe a ordem.
Assim, devagar, o tempo foi
passando e me parece que um gato passou por entre pernas miando baixinho, a
procura do seu dono que não pareceu lhe perceber a presença. Afinal, quem
mandou o bichano o seguir? Faz frio, o ar está enxovalhado de um bafão que não
consigo identificar direito e a chuva e o vento assobiam nas esquinas aumentando
a impaciência e o mau-humor de muitos.
Notei a importância que
alguns se davam por passar a perna no vizinho
dando-se à frente sem o menor pudor. Para o ultrajado, nem piscar, uma vez que
olhava firme à frente.
Êpa, chegou a minha vez.
Por favor, uma maminha
pequena, limpa, magra e Salsichão do Bola, média.