domingo, 27 de maio de 2012

Sumiço

Aquele andar jingado com a cabeça enterrada na beira da praia já fazia parte do meu cotidiano e não me levantava mais suspeitas da esquisitice do decujo.



 Não gostava muito de levantar os olhos para ver o mundo e acredito que para ele o planeta estava embaixo, de tanto seus pés afundarem pelas areias do mar. Para mim, a figura um tanto fantasmagórica, porem constante da paisagem, me fazia pensar que a vida se mantinha igual com alteração apenas do vento, do mar, de mais luz e menos luz, de mais alegria e menos tristeza e vice versa.

Então, ele sumiu.

 E com ele se foram minhas convicções que agora a vida não mudaria. Que agora tudo entraria nos eixos, que o passar do tempo seria mais lento, assim como meus passos e meus pensamentos. Eu tinha a certeza de que tudo estava encaixado e organizado e não haveria pretextos para inventar mais nada diferente. Siga o ritmo dos dias, pensava, e deixe-se ir.

Acreditei estar em melhores mãos que as minhas próprias uma vez que sempre irriquietas ora se movimentam pedindo companhia aos pensamentos ora se expressam sozinhas.

E assim, devagarinho, como quem levanta os olhos para apreciar e não se enterra em si para sofrer que parti para achar que a vida não é organizada, nada está encaixado verdadeiramente e que é melhor quebrar esta bússola teimosa que está sempre apontando para os mesmos quadrantes.

Fui.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...