Aquele andar jingado com a cabeça enterrada na beira da praia já fazia parte do meu cotidiano e não me levantava mais suspeitas da esquisitice do decujo.
Não gostava muito de levantar os olhos para ver o mundo e acredito que para ele o planeta estava embaixo, de tanto seus pés afundarem pelas areias do mar.
Para mim, a figura um tanto fantasmagórica, porem constante da paisagem, me fazia pensar que a vida se mantinha igual com alteração apenas do vento, do mar, de mais luz e menos luz, de mais alegria e menos tristeza e vice versa.
Então, ele sumiu.
E com ele se foram minhas convicções que agora a vida não mudaria. Que agora tudo entraria nos eixos, que o passar do tempo seria mais lento, assim como meus passos e meus pensamentos. Eu tinha a certeza de que tudo estava encaixado e organizado e não haveria pretextos para inventar mais nada diferente. Siga o ritmo dos dias, pensava, e deixe-se ir.
Acreditei estar em melhores mãos que as minhas próprias uma vez que sempre irriquietas ora se movimentam pedindo companhia aos pensamentos ora se expressam sozinhas.
E assim, devagarinho, como quem levanta os olhos para apreciar e não se enterra em si para sofrer que parti para achar que a vida não é organizada, nada está encaixado verdadeiramente e que é melhor quebrar esta bússola teimosa que está sempre apontando para os mesmos quadrantes.
Fui.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com vera renner
domingo, 27 de maio de 2012
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