domingo, 20 de novembro de 2011

Seis meses



Desta feita não tem pegar ou largar porque o destino traçado por Deus não deu escolha ao vivente. Pensando bem no tempo, se longo ou curto, se escasso ou abundante se oferecendo a nós com generosidade, desfrutar é a pedida da hora.

Se uma pessoa tivesses seis meses de vida quantas opções ela teria no dia a dia, com o amanhecer batendo como um sino, avisando a contagem regressiva.

Se fosse eu, em primeiro lugar trataria de esquecer de morrer e daria espaço a vida que de fato a gente nem sabe direito como é, uma vez que nossa existência é a luta pela sobrevivência, pelos teres, haveres e dizeres.

O mar seria o meu objeto de desejo e para ele eu iria me dirigir sem pestanejar porque suas profundezas e segredos aliados a sua indomabilidade me fariam sentir a pulsação da vida na deslembrança do tempo passando.

Talvez todos os gostos viessem acompanhados de um ingrediente extra que jamais teria percebido quando tinha todo o tempo do mundo ou a incógnita da data fatal.

Os olhos veriam as minúcias de cores e matizes carregando a imaginação lotada de paisagens reais e irreais que toma tanto tempo que não o vemos correr.

O corpo invadido nem sentiria a intermitência e os engasgos do bucho uma vez que a mente estaria muito ocupada em viver.

Pensando na vida, ironicamente, no rumo da morte.

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo contigo quanto a viver intensamente todos os minutos. Mas, não sei qual seria o meu objeto de desejo. Teu texto me fez pensar, quando souber, te escrevo.
Beijos.
Maria Rosa

Cilulia Machado disse...

Esquecemos que ao nascer começamos a morrer e que a vida só é vida se bem vivida.A alma sabe porque escolhe os caminhos e o ego se rebela...é um problema de comunicação interna...Grata pela lembrança, Vera

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