Eufórica abri a porta de sopetão para vasculhar
cada canto tão desejado mas fui surpreendida de frente, não com os ventos nem a
maresia, mas com um odor que me deixou nas patas de trás, volteando para lá e
cá rapidamente, me parecendo que eu não tinha saída. Mas tinha,
evidentemente.
Dei uma geral no sonho realizado composto de pedra sobre
pedra mas dali em frente meu semblante se anuviou e eu só enxergava os buracos
na parede, a tinta envelhecida, o mau trato daqui e dali, a torneira trocada as
pressas por uma tão simples, mas tão simples que me machuca a mão cada vez que
tenho de usá-la.
Continuei na empreitada investigativa de cima a baixo com meu
senso crítico exacerbado quando resolvi levantar o olhar para a paisagem eterna
que eu vislumbro daqui e fui então me derramando para fora ao invés de rastejar.
Não demorou muito para que o lugar fosse coberto de branco
exalando bons cheiros e levando embora para outro destino, que não o meu,
aqueles buracos, parafusos, frestas e paredes rescendentes de outro, com
sombras de outra vida, com cheiros de outra era.
Agora uma nova história será contada e novas marcas serão
impressas nestas paredes que haverão de se moldar ao novo personagem, como um
velho cinto de couro, que de tanto ser usado fica na feição do dono. Uma
simples lata de tinta branca.
Escrever para viver e viver para escrever. A inspiração é o meu objeto de desejo a cada amanhecer e assim minha alma fica fortalecida no encontro do silêncio e da natureza marítima. Leiam com bons olhos! Mail para contato: verarenner43@gmail.com Vera Lucia Renner
domingo, 27 de novembro de 2011
Lata de tinta
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