sábado, 22 de janeiro de 2011

Fase


O lugar era exíguo, diferente do que meus braços e minha cabeça espaçosos estavam acostumados. Mas, não foi difícil me adaptar, colocando ao meu redor tudo de que necessito.

Existindo de certa forma um pouco fora do chão e muito indo a ele catar as coisas que se soltam no meu quadrado. Coisas tão pequenas e de tão grande significado para que se complete a operação, seja do trabalho do lazer ou do sonho.

Na contrapartida do apertado espaço físico, a imensidão da natureza a me desafiar todo dia com oceanos profundamente revoltos muitas vezes, ventos fustigantes e céu enfarruscado. Quando passa a fúria, nem parece a mesma natureza, com águas calmas, um nadinha de vento e um calorzinho que mais aquece a alma do que o corpo.

Foi então que eu percebi que o meu coração está num compasso que não acompanha o momento. Bate devagar. Mais se arrasta inaudível. Apertado, pequeno, não anda dando conta do entorno.

Não tem se comovido com as perspectivas.
Não tem se agrandado nas conversas tão aguardadas.
Não tem batido forte emocionado.
Não tem tido paciência com o amor, seja de quem ou qual for.
Não tem sem expandido fora do cercado.
Não tem tido nenhuma função relevante.

Coração na mão.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sons do silêncio


Nada mais trovoso do que repousar nas amarras, estas, que a nós impomos por qualquer – ou por todos – os motivos.

Silentes, encabeçamos o cordão da multidão, que por ora, se desencontra de nossa presença. Alivio nos ombros pelo excesso de peso carregado em tempos que nem lembramos mais. À mente é visitada de vez em quando pela lembrança de uma frase, uma expressão, uma pose. Muitas vezes nem tão abonadoras.

O vácuo é estimulante porque nos expede a outras conjunturas renovando o cenário, mudando as cores do humor e cingindo o estado de espírito com urgências diversas das que estamos acostumados.

Vagar entre outras sabedorias, escutar outras vozes e palmilhar outras estradas é a meta que nasce da certeza da resigna.

Atirar ao mundo o recusado, surfando em ondas positivas que ondulam entre um e tantos outros contextos.

Bom demais.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Recado


Me veio de pronto aquele recado, repleto de insinuações do que não foi dito, das palavras que afloraram com ímpeto e morreram nos lábios frouxos e hesitantes. Notas de querer bem que não tomaram a forma nem a luz da conversa.

O subentendido impera soberano levando o pensamento para qualquer lugar que não seja real. Na fantasia, tudo muda e os sentimentos latentes não têm força para desabrochar, restando uma vaga impressão.

Uma história contada e não vivida, um fato novo que não desenrola, uma virada que não arrebenta, um desejo que não se estabelece.

Lançar luzes às escâncaras sobre tudo.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...