domingo, 13 de dezembro de 2009

Eu não consigo



A expressão “eu não consigo” tem me visitado muito, ultimamente.

Para meu total desagrado é claro. Quem quer ouvir ou pensar neste termo? Ninguém. Bate na madeira três vezes.

Verdade seja dita, se alguém, hoje em dia ousar falar a dita cuja expressão é carta fora do baralho, não quero nem ver o que tem o infeliz pra dizer.

Desgraçado que não consegue.

As aceitações para tudo proliferam na vida doméstica e profissional, nos mantendo alertas e sagazes na solução e resolução de tudo.

Rapidamente porque a vida não espera. Nem permite.

E as variantes vão acontecendo com nosso esforço hercúleo na dominação. E pensamos estar super corretas, porque, afinal, ficar à deriva não favorece nossa carreira, nossa família, amores e amigos.

Estou aqui trocando orelhas com o tal do “eu não consigo”. Tão criticado.

Me rebelei, só para variar de mim mesma que sou fora da casinha, muitas vezes.

Estou pensando que a expressão é de uma profundidade inequívoca e também de um raro recurso.

É maravilhoso dizer “eu não consigo” com toda a veemência, com a certeza de ser incapaz.

Seja de enfrentamento, de descarte ou de encontrar.

Então, resolvi:

Enfunei as velas da minha vida e aproveitei o vento!

Espelho



Todo mês vou lá. E me olho no espelho.

E assim se vão anos em que os rumos da minha vida refletida é partilhada, encaminhada e monitorada em lupa.

Poderia ser qualquer reflexo, num e noutro lugar, ou também eu comigo mesma, batendo cabeça.

Estes encontros com meu espectro em perspectiva, em que não há limite na confissão do dia, na abertura do sofrimento e da alegria, vão rasgando meus propósitos, aventando possibilidades e sacaneando meus medos.

Dar-se a ver em ângulos tão alternados como o que nos oferece a vida, exige talento quase sobre-humano no entendimento das redes neurais e neuróticas de cada um.

Limar com freqüência nossas ferragens corroídas é obra de sacrifício, e não é para qualquer um.

A vida muda quando estamos de frente aos nossos parafusos a mais, ou a menos, ou até um pouco frouxos.

A coragem de organizar a parafernália da mente, é nossa.

A tarefa, é do espelho.

Atrocidades



A história nos revela o passado.

Em nós, nossa vida pregressa.

Ruim, é quando a vemos se repetir. Como um filme “noir”, em preto e branco, assustador e maldito. Mesmo assim, um “Cult”.

Fico alterada quando vejo o passado surgir como um fantasma. Porque ele é sempre ameaçador. Nunca vem pra te alegrar. Vem para resolver, arrumar a casinha, ou para te lançar num lugar específico, fora da realidade.

Se te deparas com o passado, frente a frente, é sofrimento, é mudança, é angústia. A palavra significa que não existe mais aquela situação.

Então, como uma assombração ela se apresenta, se repetindo. “Piratas” do mercado da vida e mal vistos.

Alegremente, nossas melhores lembranças vêm nos dizer que mudamos.

Mas, muitas vezes, não estamos preparados para enxergar.

E revivemos as atrocidades de outrora sem nos darmos conta.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Refém


Ele tinha penetrantes olhos negros. Como um fundo de alma desconhecido.

E assim ele era para mim.

Uma incógnita deliciosa tentando se revelar a cada vez.

Escorregando para dentro de mim sem pedir licença.

E os véus do mistério vão se desnudando no inconcebível daquele olhar.

Aprofundado de tantas palavras não ditas, de tantos impulsos represados as esferas negras rolam sedutoramente...

Buscando safar meu pensamento,

Arrancar meus segredos.

Salvar meu coração do vazio.

Me jogar no limbo da felicidade.

Tão real, preciso fugir.

Esferas roubadoras de alma.

Uma e não outra


Relacionamento é uma palavra bem gasta que serve para quase tudo.

E me vem à mente relacionamentos que tivemos no decorrer da vida, todos multifacetados de tudo.

Por um tempo, aquele sujeito – pode ser uma cliente, uma amiga, um amor - faz parte da nossa rotina e se passam anos lado a lado com a vida por perto e os espelhos nos refletindo, muitas vezes dando o norte.

E a coisa anda assim. Linear, boa para a dupla e visibilidade para todos. As estratégias estão corretas, uma vez que sempre é corrigido o leme.

Integração perfeita e uma boa amizade.

De repente, o caminho termina. Por um, ou por outro, é o fim da linha, como tudo acontece um dia.

Às vezes é traiçoeiro.

Os espelhos se viraram e os elementos que uniam, agora separam.

Pessoas que ali estavam para construir, destroem.

Quem foi ajudado te renega.

Surpresos, nos damos conta dos tantos tempos que se passaram.

Mas temos a certeza que no futuro a parceria será lembrada. Mas, pelo fim mal dado, não será retomada por nós, se deles precisarmos.

Por isso escolho uma, e não outra.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Impossibilidades


Em um mundo onde tudo é possível, estamos nós frente a frente imersos nas impossibilidades.

A insensatez nos enlaça.

E de tão parecidos somos diferentes.

Nos reconhecemos, e nos vemos desconhecidos.

Nos amamos, sem saber direito quem somos para amar.

Queremos ficar, mas não sabemos para onde ir.

Esperamos que a vida se conforme mas não conseguimos nos conformar.

E ficamos, nem cá nem lá.

Duas almas penadas que quando tem a oportunidade - muito mais que a esperança – fica sem rumo.

E desiste.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...