Estou achando que tem muita
coisa misturada por aqui me confundindo na escolha do que eu quero fazer, o que
prefiro olhar, com quem falar, aonde ir e mais mil coisas do meu dia. Por este
motivo fútil resolvi inventariar metodicamente os minutos diários que, para meu
desespero, ora se aceleram que me perco no tempo, ora se arrastam me fazendo
imaginar que nem estou mais aqui, que virei uma estrelinha e fui parar entre as
Três Marias que estão sempre me espiando da janela.
Não sei bem direito por onde
começar a seleção e, já de cara, me recuso a ir até o meu amigo Mar porque
afinal, ele está sempre na minha frente, nos meus olhos e nos meus ouvidos e
acaba sendo o mote de tudo, ou quase tudo que resolvo investigar, seja dele
mesmo seja de dentro da minha cabeça oca.
Vou dar as costas a ele e
aprumar meu passo desta vez rumo a serra que tem seus córregos passando frente
a mim, em algumas ocasiões cristalino, em outras manchado, assim como a vida da
gente. Olhando para lá percebi que será difícil investigar seus indícios por
viverem em delicioso emaranhado.
Me joguei para a rua de lupa
em punho e o que me veio foi a vivência dela de todo dia com os idosos a par e
passo, os cachorrinhos puxando pela coleira seus donos, o quero-quero berrando
a plenos pulmões e como não poderia deixar de ser, ao longe o som de uma eterna
serra elétrica, o bati-bum de um carro velho passando pelo pessoal que carrega
seus pets em carrinho de bebê. Pronto, pensei, aí estão todos os minutos garimpados.
Foi assim que eu descartei do
meu dia o avesso do que eu procurava e gostaria de desfrutar. Entrei na casa
deixando a lupa de lado e fiquei animada com a perspectiva de, ali mesmo, tão
pertinho, encontrar o motivo real do meu tempo se organizar, ora apressado ora
calmo imitando o tic-tac do relógio da casa que conta as batidas minuto a
minuto do meu coração.
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