Acalmou-se o vento, as ondas e o sol inclemente, restando um vazio abençoado que paira durante o dia todo nas ruas daqui deste fim de mundo abençoado por Deus. O som grita de tão suave em todas as suas manifestações fazendo de moucos os ouvidos de todos. Não se quer mais ouvir, falar, ir e vir, fechando para balanço inicial da temporada fria como se fosse uma operação obrigatória.
As ruas vazias recepcionam as
chuvas intermitentes e o mais que a natureza mandar se aceita a iniciativa com
muito prazer, uma vez que há premência de se apartar um pouco deste modo de
vida praticamente sempre fora da curva. Pelo menos para lavar a alma de feridas
que por qualquer motivo se abriram durante o agito, durante a gritaria, durante
o abuso, durante o desrespeito.
As falas agora ocorrem
arrastadas e preguiçosas podendo, às vezes, haver desistência da explanação
porque é muito óbvio que a mente se esvazia do excesso e, indolente, resolve
escolher com mais critério o que merece ser ouvido, lido e visto –
principalmente.
O pensamento, atento, se eleva
a outro patamar buscando distrair-se do rebuliço coloquial cotidiano, se
preparando criteriosamente para encolher em recantos bem quentinhos suas
escolhas de calmaria. Se faz imperiosa a vontade de se relacionar com as notas
musicais que repercutem a suavidade perfeita para acompanhar a alma que se abriga
em si. Este tempo raro se embrenha no espirito com audácia e determinação sendo
impossível recusar sua companhia.