A verdejante natureza se traveste de nova coloração, talvez cansada da antecessora tonalidade alegórica, maciça e invasiva desde que o dia amanhece até os últimos raios do Rei Sol imperante e, quem sabe, revoltada com a aridez da terra resolveu descansar de tudo e vestir um entretom, sugerindo que os ventos serão gelados por um bom tempo e assim sua sensibilidade fica protegida através de uma nuança mais uniforme, estável e natural. A gradação sépia toma conta da paisagem na preamar, nos jardins e nas praças.
Tempo pós-colorido pede maior estabilidade da terra em sua roupagem trazendo alívio que vem, inicialmente, da mudança na cor das ondas do mar engraçadamente concordante com a transformação, não resistindo à simplicidade dos argumentos da natureza que deseja descansar, desfolhando-se de sua espalhafatosa vestimenta que sombreia a estação mais quente do ano.
E assim o galharedo de árvores e arbustos se reveste do seguro e sério tonalizante, deixando que suas folhas percam momentaneamente a vida para forrar as trilhas com a palheta de cores do outono e este modo ingressa nos lares e no espirito do conforto e simplicidade.
A balada sofisticada do clima adentra o interior dos ambientes e revoluciona o dia a dia que, animado, se prepara para dias de mais quietude, de acalmação das ideias, quem sabe até não ter ideia nenhuma, esvaziando-se para que outro matiz tenha oportunidade de pintar o pensamento e pousar com suavidade na alma descolorida.
Forma-se assim a
estabilidade do vazio e do silêncio que se acerca do aconchego de uma poltrona,
uma manta quentinha, um café fumegante e novas letras a serem inseridas no dia
a dia de um período em que a natureza fica nua.