O cenário se prepara para elas e deste modo bem lúdico a natureza finaliza o ambiente cenográfico ajeitando as luzes do céu em tons mais brandos combinando com o sol que se descortina como sempre rutilante porém, amenizado pelo entorno verde e litorâneo, com suas areias já acomodadas e as franjas do mar mais tímidas em seu vai e vem. Tudo pronto.
Em um primeiro vislumbre se repara no alinhamento do olhar que unido vai permitindo que os atores da rua se desnudem frente a elas e então se inicia o “trottoir” diário dos personagens que quase em câmera lenta vão se alternando em frente ao preguiçoso olhar coletivo instalado já no raiar do dia.
O falatório maroto parte em missão unindo a fala que se apresenta - supostamente verdadeira - atingindo aqui e ali as entrelinhas com sagaz observação de deboche, atrevimento e volúpia sempre inteligentemente finalizado com uma risada escancarada como que zombando de si mesmo nesta trincheira da vida.
Seus corpos lado a lado
acomodados evidenciam com singeleza sua consistência adquirida através dos anos
com a sobriedade que lhe foi permitida redesenhar suas marcas com perfeição
calculada porque afinal, a caminhada se deu através de tempestade e calmaria se
alternando no açoite do tempo permitindo que agora surja a escultura perfeita do
corpo. Este cenário simples vem suntuosamente embalado pelo dom que a natureza
humana possui de impregnar a uma cronologia implacável um espírito divino.