domingo, 29 de janeiro de 2023

Duas Amélias

Que os ventos são quentes por estes lados do mundo marítimo já se sabe  parecendo uma eternidade o império do calor nestas paragens em que o canto  airado dos pássaros ecoa desde a madrugada fazendo um conjunto de som com todo tipo de buzina folclórica do passa passa de rua no verão praiano. 

Fui surpreendida por um aparente perfume no ar que não era feito de flores, nem provinha da maresia deliciosa das franjas volúveis das ondas do mar, mas sim, de certa brisa de bom tom que perpassa invisível pelos corredores e, ouso dizer sem errar, que provêm da singeleza e inquietude das duas Amélias que se avizinham a mim. 

De um lado e de outro letras parecidas soam pelos caminhos diferentes, mas comuns, sugerindo sempre o mesmo tom com bordas de sorrisos e bom humor, mesclando o breve ar fresco com o calor senegalês da rotina marítima, provavelmente uma decorrência da breve conversa que paira entre muros, algumas ligeiras e vibrantes para começar o dia, outras, de confiança no que for necessário pensar. 

Fácil enxergar o mundo intuitivo que precede os passos das duas Amélias que iguais, são diferentes, parecendo haver uma linha invisível na característica da personalidade de cada uma, que decidiram escolher para si a que mais combina e deste modo as duas Amélias avizinhadas singram as areias da praia, as ruas da cidade e as águas do mar com a segurança emocional da independência de apenas ser.

Gosto amargo

  Girei os calcanhares com gosto amargo na boca travando meu raciocínio para reconhecer o espaço de tempo que ocupo desde há muito e que hoj...