Não encontrei, por mais que procurasse a caixa de enfeites de Natal apesar de meu espaço ser pequeno, porém, por isso mesmo, com tão pouco lugar para guardar pode ter se escondido em alguma fresta inatingível considerando um olhar rápido e rasteiro. Existe também bem no fundo do meu coração a suspeita de que deve haver uma brincadeira de esconde-esconde entre minha intenção real de encontrar a caixa e uma suspeita de que ando preferindo uma caixa de ilusão, de alegorias, de inventividade da situação, de um apagar das luzes para enxergar melhor.
Acredito que seria de bom tom para meu próprio esclarecimento que eu fizesse uma investigação primorosa do assunto, colocando na mesa as possibilidades para este desaparecimento súbito em um lugar onde tudo está colocado à vista. Pelo menos é o que me parece.
Voltei atrás na intenção de furungar caixas, gavetas e armários e dei tratos à bola aos sentimentos avassaladores que me rodeiam sem trégua quando me deparo com enigmas aparentemente inocentes.
Segui a trilha que apontava que a dita cuja merecedora da minha atenção tinha se transformado, sem aviso prévio e muito menos sinal de fumaça em algo impossível de se projetar fisicamente em qualquer canto da casa. Ao ponderar esta hipótese senti no fundo do meu coração que seria este caminho que os enfeites de Natal tomaram. Resolveram por si mesmos tomar um chá de sumiço e migrar para o imaginário contando que eu lhes daria todo o apoio o que de fato aconteceu.
Foi só notificar meu aparato
metafórico que imediatamente encontrei a árvore de Natal resplandecente em sua
luz atemporal, brilhando em cada ponta de espinho, reunindo em si as emoções
que remontam a data, unindo com alegria todas as famílias e os povos
demonstrando a força da Fé que jamais se esconde.