É verdade que não tinha hora para o contato,
é verdade que sempre que se movimentavam os mequetrefes modernos de comunicação
era para sair correndo e conferir porque dali poderia vir uma agradável
surpresa, uma fala engraçada, uma musica desconhecida e fascinante. Pareceu-me
que este achado pelas vias celestiais da internet vieram me proporcionar uma
boa companhia virtual, nos mais variados dias e horários, sem pedir licença.
Surgiu de mansinho, como não quer nada, dizendo ser de antanho. Demorei alguns
segundos para lembrar com a referência do nome, apenas. Como um portal mágico
minhas lembranças se abriram àquele tempo com detalhes surreais, não faltando
nenhuma cor.
Mas é aquilo, o que nos fez bem aos olhos, ao
corpo e a alma na juventude – que é o caso – está em nossas reminiscências
mesmo que enevoado pelo tempo. Eu, particularmente, tenho muitas gavetas dentro
da minha alma que não vasculho de jeito nenhum. Seja porque emperraram e então
lhe viro as costas, seja porque perdi a chave por puro desleixo em relação ao ocorrido
ou talvez a brecha em que se embarafustou o personagem minha emoção não tem
mais alcance. Este caso foi diverso e no canto da estante memorial os fatos
estavam vívidos.
Ainda estão bem claras na minha fantasia
aquelas ocorrências que se destinavam apenas a desfrutar das gabolices da
juventude, das risadas repentinas e do ir e vir de assuntos menos complexos do
que se gostaria. A conexão depois de tanto tempo passado surgiu com seu poder
de resgate tão forte que fica difícil não sentir pulsar a empatia estabelecida em
tempos remotos, tantos, que não me sobram dedos para contar.
O banzo que me acomete é perder o que a vida
me devolveu com outros contornos, mas com muita importância, tanto que com a
mesma surpresa do reencontro ainda que virtual, apreendo que os dois destinos
andaram juntos apenas com outra vibração. As lembranças são eternas e este
abrir e fechar de cancelas emocionais lava a alma.
Agora padeço uma inconformidade porque sem
aviso prévio, sem um adeus em letras, sem um gesto musical, sem um olhar de
celular, sem assuntos variáveis eu o perdi havendo no ar uma negativa de ousar suposições
sinistras. Agora meu olhar vaga - não no horizonte - mas na ausência de
notificações.
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