Eu, naquele dia, não tinha alternativa a não ser me
dobrar na urgência da comunicação que eu nem entendo direito para que, mas como
já fui dominada por ela, me curvo. Então soltei uma frase completinha no
teclado, contente pela coragem, feliz por ser moderna, por ser conectada, por
parecer ao menos, deste mundo.
E lá se foram gravadas as palavras que em tempos de hoje
significariam 1500 caracteres caprichados. Vai entender.
Eu não faria o que os antigos fazem como soltar textos ao
vento, ao pé do ouvido, até, pasme, ao telefone, esta coisa tão antiga. Usei
até abreviaturas coisa um pouco parecida como usar roupas inadequadas a sua
idade ou ao biótipo. Fiquei ali olhando a mensagem que em um clic iria alvejar
seu destino e minha euforia pela ousadia não tinha fim. Fiquei ansiosa porque
estava falando, enfim, a língua dos teclados, a farra do muito dizer com poucas
letras e me enfileirei no mundo da espera de resposta.
A expectativa era grande e me fez sentar em todas as
cadeiras da casa, balançando nervosamente as pernas cruzadas, ora uma, ora
outra, um senta levanta, toma café, toma água, vai à janela. Ah! A Janela, esta
abertura cafona para um mundo de hoje que só olha para baixo, para a mesa, para
o colo. Há muito que sei que dali mesmo que nada vem, o meu mundo está
enjaulado, em um quadrado mais ou menos grande e outro bem pequeno. Já a vista
que não alcança muito tudo, agora mesmo que se aperta, se aguça, sofre para
enxergar.
Ao enviar minha missiva cheia de alternativas para
resposta, lotada de carinho acumulado, transbordante de ansiedade, me senti, de
certa forma, vazia. Tanto planejamento para flechar um alvo difícil e agora só
me resta, grudar os olhos na parafernália eletrônica, os algozes de quem tem
sede de resposta.
Demorou muito para que finalmente eu tivesse retorno do
meu empenho. Mas estava lá, majestosa, super moderna, forte e decisiva A Resposta:
“eu também”.